TYSONVERSO - MIKE TYSON

Mike Tyson é o protagonista do livro: 'Tyson: Forjado no Fogo'. Um jovem criado nos guetos do Brooklin, Tyson seguia o roteiro de uma vida sem perspectivas positivas, já que vivia entrando e saindo de reformatórios como quem frequentava um clube. Mas quando ele conheceu o boxe dentro de um desses reformatórios, sua vida começou a mudar. Aos 12 anos e pesando mais de 80 quilos, o garoto mostrou um talento natural para esse esporte brutal.

Seu treinador, Bob Stewart, um ex-pugilista amador resolveu apresentar Mike para o lendário treinador Cus D'Amato. Após ver Tyson em ação por apenas 6 minutos, Cus profetizou: 'ele será o mais jovem campeão dos pesados'. Ali se iniciava uma das maiores parcerias da história do boxe. Nascia naquele momento o boxeador mais relevante da história dos pesados após a era de Muhammad Ali. Em 'Tyson: Forjado no Fogo', você pode acompanhar como foi o início da carreira amadora de "Iron"Mike Tyson, além de conhecer os valiosos ensinamentos transmitidos por Cus D'Amato.

Em uma entrevista concedida à revista Ring Magazine, Mike Tyson falou um pouco sobre os adversários que enfrentou ao longo da sua carreira e aponta quais foram os melhores segundo 10 critérios. Vamos à eles:

Toda lenda teve seu início.

Sabemos que a história de Tyson no boxe se inicia quando ele, então um jovem delinquente de 13 anos cumprindo pena num centro de detenção juvenil pede para que Bobby Stewart (funcionário da instituição, ex-boxeador profissional) lhe ensine como dar aqueles potentes socos com eficiência. Tyson imaginava que ao aprender a arte de boxear poderia utilizar isso em seus futuros roubos e o ajudaria a se proteger da violência das ruas.

Após algumas semanas de prática, Bobby percebendo o potencial daquele garoto resolve apresentá-lo ao lendário treinador Cus D’Amato. Após ver apenas alguns minutos de Tyson dentro do ringue, Cus profetizaria: “temos aqui o mais jovem campeão dos Pesos-Pesados”.

Sob a tutela de Cus, Tyson teve uma sólida trajetória no amadorismo, e aos 18 anos de idade (após perder a seletiva para os jogos olímpicos para Henry Tillman) era chegada a hora de realizar sua estreia no profissional.

Nesse texto, vamos relembrar não só a luta, mas também todos os bastidores, as pessoas envolvidas e como era o panorama dos Pesados naquela época.

OS PROMOTORES

No verão de 1985, os promotores de boxe locais Bob e Lorraine Miller, um casal de Troy, norte de N.Y., foram chamados a um encontro na casa de Cus D’Amato em Catskill. Bob Miller, então com 39 anos, era uma amante de boxe a vida toda e treinador de uma dúzia de lutadores amadores e profissionais, tudo enquanto trabalhava de monitor num colégio local. Lorraine Miller, com 38 na época, e mãe de cinco filhos pequenos, tinha se tornado uma promotora licenciada para organizar eventos, já que Bob geralmente representava os lutadores participantes. Os Millers não estavam ficando ricos com o boxe, mas eles mantinham o esporte vivo naquela pequena parte do mundo, e tinham uma reputação de honestidade e profissionalismo entre os locais.

D’Amato sentou com os Millers na sala, elogiou o trabalho deles em promover pequenos eventos e perguntou se eles gostariam de promover a estreia profissional de Mike Tyson. Ele ainda não era famoso, mas era conhecido, mais conhecido no norte do estado de Nova York do que na maioria dos lugares. Já havia um burburinho no mundo do boxe de que ele seria muito melhor no boxe profissional do que amador, pela incrível velocidade das mãos e o poder dos golpes.

O LOCAL

Para a primeira luta de Tyson, os Millers escolheram o centro de convenções do Empire State Plaza, um local subterrâneo abaixo duma torre de escritórios no centro de Albany com um teatro em formato de ovo chamado, como você poderia presumir, The Egg (N.T “O Ovo”, em inglês]. Eles já tinham promovido lutas profissionais e amadoras no Plaza e Bob gostava do jeito que a disposição do local facilitava o acesso de transporte.

O ADVERSÁRIO

D’Amato, delegou a Bob Miller a tarefa de encontrar um adversário, e Miller escalou Hector Mercedes, 19, um nativo de Porto Rico que vinha de Lowell, Massachussets.

Não se sabe muito a respeito de Héctor Mercedes. Uma consulta ao site Boxrec informa que ele teve apenas 11 lutas profissionais, com 10 derrotas e uma única vitória. Dessas 10 derrotas, 5 por nocaute. Quando enfrentou Tyson já havia realizado 3 lutas profissionais.

O DIA E A PROMOÇÃO DA LUTA

O dia escolhido foi 6 de março de 1985. Os Millers conseguiram com que 500 pôsteres promocionais fossem impressos, com Rooney, que não apenas trabalhava com Tyson no corner, mas também faria a luta principal, aparecesse de forma mais proeminente, e Tyson numa posição secundária. D’Amato rejeitou a escolha e instruiu os Millers a imprimir pôsteres maiores com Tyson no meio. Cus disse: ‘Quero pessoas do outro lado da rua vendo o rosto de Mike Tyson’,” diz Lorraine Miller. Ela queimou alguns destes 500 originais no fogão a lenha de casa e deu para os filhos o resto para eles brincarem de giz de cera na parte de trás, decisões que ela mais tarde se arrependeria.

O novo pôster vinha escrito Tyson: estreia profissional/campeão olímpico. O nome de Hector Mercedes não aparecia em lugar algum no pôster. Ingressos foram vendidos a 10, 12 e 15 dólares.

A FILMAGEM

Você pode perceber ao assistir ao vídeo da luta, que não é uma filmagem profissional, afinal se tratava de um evento pequeno, discreto, portanto, sem transmissão para nenhuma emissora de tv. Os Millers colocaram o irmão de Lorraine, Mike Grzyboski, para filmar a estreia de Tyson, usando uma enjambrada gravadora VHS como os pais costumam usar para filmar a manhã de Natal dos filhos. Não tinha profissionalismo em nada disso. “Mike filmava todos os nossos eventos”, diz Bob Miller.

O PANORAMA DOS PESADOS NA ÉPOCA

No dia que subiu ao ringue pela primeira vez como profissional, a categoria dos pesados contava com três campeões mundiais, cada qual pela sua entidade.

Larry Holmes era o campeão pela IBF, organização recém-criada (Holmes havia abdicado do cinturão da WBC no final de 1983, por não chegar a um acordo sobre valor de bolsa e escolha de adversários) e também do cinturão da The Ring Magazine.

Greg Page era o campeão pela WBA. Ele perderia o cinturão no mês seguinte para Tony Tubbs.

Pinklon Thomas era o campeão pela WBC. (Ele perderia o cinturão um ano depois, em 22 de março para Trevor Berbick, um velho conhecido dos fãs de Tyson).

Com exceção de Greg Page, Tyson enfrentaria (e derrotaria) todos esses pugilistas citados acima.

O 'FIGURINO'

O figurino que Tyson utiliza em sua estreia é bem diferente daquele que nos acostumaríamos a ver e que temos na memória, em vez do short preto e sapatilhas pretas de cano curto sem meias, ele entra no ringue trajando short branco com listras vermelhas. As sapatilhas são azuis, iguais às que usava na época de amador, porém ali ele já iniciava o hábito de não usar meias. Isso era uma forma de homenagear seus ídolos do passado, que também não utilizavam. O corte de cabelo foi feito colocando uma tigela em sua cabeça e raspando ao redor para que se assemelhasse ao corte de Jack Dempsey.

A LUTA

A luta se inicia com Tyson soltando alguns jabs e diretos. Ele vai acuando Hector que após receber alguns golpes procura o clinche. Após a separação, Mercedes tenta acertar Tyson com um jab, que imediatamente contragolpeia com outro jab (praticamente um direto) que lança o porto-riquenho nas cordas, a partir daí Tyson começa a punir o rival com fortes ganchos de direita e esquerda na linha de cintura. Mercedes recua até o corner e lá se escora com uma expressão de dor, Tyson se aproxima e desfere mais alguns potentes ganchos de esquerda, Héctor então se ajoelha, não aguenta o castigo. O árbitro inicia a contagem, mas para o porto-riquenho aquilo já foi o suficiente. Encerrada a luta, um minuto e quarenta e sete segundos de duração. Essa seria a tônica da grande maioria das lutas de Tyson.

O PRÓPRIO TYSON RELEMBRA AQUELE DIA

“6 de março de 1965. Mercedes, certo? A gente não sabia nada sobre ele; então na manhã antes da luta, Cus ligou para alguns treinadores e donos de academia de boxe em Porto Rico para ter certeza de que o cara não seria uma caixinha de surpresas. Dirigi com Kevin e Cus, talvez outras duas pessoas da casa. Era sempre só algumas pessoas. Nós chegamos lá em Albany e eu estava com medo pra cacete. E depois a luta, magnífica. Tudo magnífico. Era tudo incrível naquele início”.

BANNER DO PRIMEIRO REINADO DE TYSON (1986-1990)

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INFOGRÁFICO DA CARREIRA DE TYSON

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LUTAS QUE ENTRARAM PARA A HISTÓRIA:

MIKE TYSON X MICHAEL SPINKS

Em 27 de junho de 1988, uma multidão de 22.785 espectadores assistiu Mike Tyson contra Michael Spinks. Ainda é a maior público para assistir a um evento esportivo na cidade.

Em seguida, o dono do Trump Plaza, Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, pagou uma taxa de US $ 11 milhões no local para levar a luta à cidade.

"Foi um evento incrível, provavelmente o mais incrível que Atlantic City já viu", disse Trump em uma entrevista por telefone em 2013 com a The Press. "O burburinho em torno dessa luta foi incrível."

Todos os hotéis em um raio de 55 quilômetros ficaram lotados por uma semana antes da luta. Os assentos do ringue foram vendidos por US $ 1.500, mais que o dobro do preço normal. Mais de 1.300 credenciais de mídia foram emitidas.

A luta produziu 344 milhões de dólares em receita de jogo em Atlantic City naquele fim de semana.

O Trump Plaza registrou um recorde de US $ 11,5 milhões no dia da luta, realizada na segunda-feira.

A Imprensa de Atlantic City cobriu de todos os ângulos. Parecia que todo repórter e fotógrafo tinha algum tipo de papel. Alguns repórteres estavam lá apenas para escrever sobre o que as celebridades estavam vestindo.

Abaixo está uma recontagem do evento de pessoas envolvidas na luta.

Bernie Dillon, diretor de eventos especiais do Trump Plaza na época da luta: “Eu estava trabalhando no Trump Plaza na época. Não era incomum que um grande evento como esse fosse realizado na segunda-feira. Era uma maneira de fazer as pessoas ficarem na cidade por mais uma ou duas noites.”

Larry Hazzard, comissário do Conselho de Controle Atlético de Nova Jersey: “O que aconteceu durante a luta Tyson-Spinks foi inigualável. E não foi apenas a noite da luta. O fim de semana inteiro a cidade ficou louca. Foi simplesmente incrível.”

O calçadão ficou lotado o dia todo com cambistas tentando vender ingressos e fãs esperando ter um vislumbre de algumas das celebridades.

Warren Beatty, Billy Crystal, o Rev. Jesse Jackson, Madonna e o então seu marido Sean Penn, Jack Nicholson, Oprah Winfrey e Richard Pryor estavam entre as estrelas que assistiram a luta.

A energia bruta dentro da arena era incrível, e havia quase uma sensação de medo.

Jim Allen, parte do grupo de gerência sênior das propriedades de Trump no momento da luta: “Eu estava lá. Eu estava trabalhando para o Trump Plaza na época. Lembro-me de ver Madonna e Sean Penn sentados na segunda fila, com as outras celebridades. Quando eu apontei para o Sr. Trump, ele os colocou na frente.”

A luta começou mais de uma hora atrasada.

O falecido Butch Lewis, gerente de Spinks, foi o motivo do atraso.

Em um esforço para abalar Tyson, Lewis alegou que havia algo errado com a bandagem das mãos de Tyson e causou um tumulto. Finalmente, um inspetor saiu do camarim e disse a Hazzard sobre o protesto de Lewis.

Dillon: “Eu segui Larry nos bastidores. Chegamos aos provadores e Butch Lewis está gritando: 'Ele tem caroços nas mãos'. Larry acalma todo mundo, exceto Tyson. Eu tinha alguns camarins temporários construídos e Tyson está tão bravo que ele começa a socar a parede e está batendo com tanta força que todo o quarto estava tremendo. Achei que era hora de sair de lá.”

Hazzard: “Tyson estava realmente irritado. Até aquele momento, eu estava inclinado para Tyson, mas realmente dei uma chance a Spinks. Mas quando eu encontrei essa situação, eu sabia que Tyson iria vencer. Butch estava tentando tirá-lo do jogo, mas acabou dando a ele combustível extra."

O ex-campeão dos pesos pesados Evander Holyfield: “Spinks saiu e você podia ver nos olhos dele que ele estava assustado. E Tyson estava furioso".

A luta

A luta em si durou 91 segundos.

Alguns fãs ainda estavam nas garagens do cassino quando Tyson o nocauteou. Até alguns que haviam entrado no Boardwalk Hall foram pegos de surpresa porque estavam bebendo ou usando o banheiro.

Trump (2013): “A luta foi decepcionante porque terminou muito rápida. Eu trouxe alguns amigos da Europa para a luta, e eles ainda estavam se sentando quando (Tyson) o nocauteou.”

O treinador de boxe de Atlantic City, Bill Johnson: “Eu estava sentado acima do ringue, para poder dar uma boa olhada em tudo. Vi os olhos de Michael revirarem na cabeça e sabia que não havia como ele se levantar. Quando os olhos de alguém se remexem daquela forma, acaba".

Spinks (entrevista em 2012): “Eu deveria ter ouvido Muhammad Ali (antes da luta). Ele me disse para usar meu jab e me mover. Mas uma vez que (Tyson) começou a dar socos, perdi a cabeça e queria batalhar. O que foi uma péssima ideia porque Mike Tyson estava chutando como uma mula (dando socos poderosos) naquela época".

As consequências

Spinks se aposentou após a luta. Ele agora vive em Wilmington, Delaware, mas visita Atlantic City ocasionalmente. Tanto ele como Tyson foram incluídos no Hall da Fama do Boxe de Atlantic City em 2017.

O Boardwalk Hall passou por uma reforma de US $ 90 milhões em 1998. A capacidade de assentos para o boxe foi reduzida para cerca de 14.000.